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Denasus aponta falhas da Fundahc e gestão Cruz na administração das maternidades

O Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) apresentou o relatório da auditoria realizada nas maternidades municipais de Goiânia, na manhã desta terça-feira (16/12), em reunião realizada na Câmara Municipal de Goiânia. Segundo o documento, que analisou a gestão das maternidades Célia Câmara (HMMCC), Nascer Cidadão (MNC) e Dona Íris (HMDI), no período de janeiro de 2023 a junho de 2025, houve falhas da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) que geriu as instituições durante esse período, majoritariamente durante a administração do ex-prefeito Rogério Cruz (2021-2024).

Neste período, segundo o relatório, as maternidades tiveram graves interrupções de serviços como desabastecimento de insumos e medicamentos e desassistência às gestantes e bebês. “Do total de 15 constatações produzidas, apenas uma apresentou situação de conformidade, enquanto as demais evidenciaram falhas significativas de gestão, prestação de serviços e execução de recursos, indicando quadro crítico e persistente de fragilidade na atenção obstétrica e neonatal”, apontou o relatório.

Segundo o documento, as interrupções de serviços causaram um grande prejuízo para a população da capital, com a redução na oferta de atendimentos. “Na Célia Câmara o ambulatório permanecia fechado e sem atendimentos desde setembro de 2024; a UTI Adulto II esteve inativada de 11/10/2024 a 16/03/2025 (…) Na Nascer Cidadão não havia atendimento ambulatorial especializado. A urgência/emergência operava com restrição de acolhimento”, reportou.

Além disso, o relatório apontou queda da média mensal de partos em 2024 e 2025 em relação a 2023, com redução de 15% na Dona Íris (em 2024 frente a 2023) e, em 2025, queda de 84% na média mensal (de 388 para 63 partos). Na Célia Câmara observou-se, em 2025, diminuição média mensal de 20% em relação a 2024. Na Nascer Cidadão houve redução de 17% no mesmo período.

A auditoria ainda mostrou que as unidades geridas pela Fundahc não possuíam profissionais de saúde em quantidade suficiente para atender a capacidade instalada: “Hospital e Maternidade Dona Íris, Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara e a Maternidade Nascer Cidadão não dispunham de equipe multiprofissional em quantitativo suficiente para assegurar a adequada atenção obstétrica e neonatal”.

Diante deste quadro, o relatório recomendou que medidas administrativas e operacionais fossem tomadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) “que assegurem a manutenção e o funcionamento contínuo dos serviços e leitos habilitados nas maternidades Hospital e Maternidade Dona Íris, Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara e Maternidade Nascer Cidadão, garantindo a continuidade dos serviços de atenção obstétrica e neonatal e evitando o risco de desabilitação e dedução de recursos federais destinados ao custeio das unidades”.

Novo modelo
Em agosto, o prefeito Sandro Mabel rescindiu o contrato com a Fundahc e, desde então, as três maternidades são geridas por organizações sociais (OSs). Desde então, de setembro até hoje, período que não foi englobado pela auditoria do Denasus, as novas gestões colecionam números importantes na retomada dos serviços obstétricos na capital.

Segundo as OSs, as maternidades municipais realizaram 25.139 atendimentos entre os meses de setembro e novembro de 2025. O total de atendimentos é 71% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. As unidades realizaram no período 11.100 atendimentos de urgência e emergência, 5.010 atendimentos ambulatoriais, 40.288 exames laboratoriais e 6.155 exames de imagem, como ultrassonografias e tomografias.

Ao todo, 1.735 partos foram realizados nas maternidades e 2.874 internações foram registradas nas unidades de saúde após a implementação da gestão por organizações sociais.

Dívidas e renegociação
Segundo a SMS, a atual gestão recebeu a saúde pública de Goiânia, janeiro de 2025, com grande parte dos serviços suspensos por falta de repasses financeiros a gestores e fornecedores. Apenas em 2025, segundo a Prefeitura, foram pagos R$ 276 milhões em dívidas, apenas na área da saúde, da gestão Rogério Cruz.

Além disso, a Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) comandou uma operação no final de 2024 que mirou possíveis desvios financeiros durante a gestão Cruz, o que resultou na prisão do ex-secretário de Saúde Wilson Pollara.

Gradativamente, a nova administração do prefeito Sandro Mabel renegociou dívidas e retomou os serviços paralisados. Apesar das negociações com a Fundahc, os serviços nas maternidades continuaram com falhas, o que, segundo a Prefeitura, fez com que a administração optasse por um novo modelo de gestão.