A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, nesta terça-feira (23), uma fotografia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aparece acompanhando o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da 80ª Assembleia Geral, em Nova York.
Em sua fala, Lula direcionou críticas a Trump e também a temas internacionais. O petista declarou que os ataques ao Judiciário brasileiro são “inaceitáveis” e reforçou que a democracia e a soberania do país são “inegociáveis”. Ele ainda classificou de “falsos patriotas” os que defendem a anistia a envolvidos em ações contra a democracia, destacando a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe como exemplo de resposta firme do Brasil ao mundo.
O presidente também defendeu a regulação das redes sociais, cobrou atenção às mudanças climáticas e convidou os líderes globais a participarem da COP30, marcada para Belém (PA). Ao comentar o conflito no Oriente Médio, condenou as ações de Israel contra o Hamas e afirmou que “nada justifica o genocídio em curso em Gaza”.
Trump, por sua vez, também citou o Brasil em sua intervenção na ONU. Ele afirmou que o país enfrenta tarifas elevadas por tentar, segundo ele, interferir nos direitos e liberdades de cidadãos norte-americanos por meio de censura, repressão política, corrupção judicial e perseguição a opositores. Apesar do tom crítico, o republicano surpreendeu ao dizer que mantém “uma química excelente” com Lula, a quem descreveu como “um cara muito agradável”.
A avaliação gerou comentários de analistas. Para o jornalista Marcelo Lins, da GloboNews, embora o discurso de Trump seja inesperado, é possível que ele realmente tenha se impressionado com o brasileiro, dada sua personalidade imprevisível. Já o professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard, Vitelio Brustolin, ponderou que, apesar do gesto positivo, “nada indica que Trump adotará uma postura conciliadora com Lula”.
A Assembleia Geral é o principal encontro anual da ONU, reunindo representantes dos 193 países-membros. Tradicionalmente, cabe ao Brasil abrir os pronunciamentos. O tema deste ano é: “Melhor juntos: 80 anos e mais em prol da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos”.
