Pesquisa IGAPE mostra avanço de nomes da direita no DF e influência do governador Ibaneis na disputa
A mais recente pesquisa do Instituto Gazeta de Pesquisas (IGAPE), realizada nos dias 10 e 11 de outubro de 2025 com 3.009 entrevistas presenciais no Distrito Federal, revela um cenário político de equilíbrio crescente entre esquerda e direita. O levantamento, com margem de erro de 1,8 pontos percentuais e nível de confiança de 95%, mostra que Lula (PT) mantém a dianteira com 31,8% das intenções de voto, seguido por Eduardo Bolsonaro (PL) com 23,6%, Ronaldo Caiado (União) com 19,3% e Romeu Zema (Novo) com 7,9%.
LULA NA FRENTE, MAS ENCOLHE NO DF
Em 2022, Lula conquistou 37,4% dos votos válidos no Distrito Federal no primeiro turno, ficando atrás apenas de Jair Bolsonaro (PL), que obteve cerca de 51%. Ou seja, o atual presidente teve desempenho abaixo da média nacional e enfrenta resistência histórica no eleitorado do DF — mais conservador, com forte presença de servidores públicos e militares.
Agora, com 31,8%, Lula mantém sua base consolidada, mas perde cerca de 5,6 pontos percentuais em relação à última eleição, sinalizando cansaço e insatisfação entre parte de seus eleitores de 2022. Mesmo liderando, enfrenta dificuldades para avançar sobre o eleitorado de centro e de servidores públicos — áreas onde Ibaneis Rocha (MDB), governador reeleito, exerce forte influência.
IBANEIS E O EFEITO “GOVERNO LOCAL”
A presença de Ibaneis Rocha muda a dinâmica da disputa no DF. Reeleito em 2022 com ampla vantagem e mantendo boa avaliação administrativa, Ibaneis influencia diretamente o voto local.
Embora aliado de Lula em pautas institucionais, Ibaneis tem perfil mais técnico e pragmático, o que o aproxima de nomes como Caiado e Zema. Essa ambiguidade pode favorecer o crescimento do centro e da centro-direita, especialmente se o governador decidir manifestar preferência ou participar da articulação nacional.
Internamente, líderes do MDB-DF avaliam que Ibaneis pode atuar como fiador de um candidato de gestão, o que beneficiaria Ronaldo Caiado, que também exibe resultados sólidos em áreas como segurança e educação.
CAIADO GANHA ESPAÇO COMO NOME DE GESTÃO
Com 19,3% das intenções, Ronaldo Caiado se consolida como terceira força e potencial nome de crescimento. Seu desempenho no DF é expressivo, considerando que não tem base eleitoral direta na capital. O governador goiano colhe reflexos positivos de sua gestão em Goiás, que é frequentemente comparada de forma favorável à de Ibaneis em áreas como saúde, segurança e infraestrutura, Caiado ainda conta com a Força do Entorno, que aprova seu Governo em Goiás com índices impressionantes de quase 90%, em varias pesquisas.
Analistas avaliam que Caiado pode ser o nome de consenso da direita moderada, caso Eduardo Bolsonaro enfrente limitações de rejeição — especialmente no eleitorado mais institucionalizado e de perfil urbano do DF.
EDUARDO BOLSONARO CONSOLIDA HERANÇA DO PAI
Com 23,6%, Eduardo Bolsonaro demonstra herdar a estrutura eleitoral do bolsonarismo no Distrito Federal, onde seu pai teve mais de 51% em 2022. Mesmo abaixo desse patamar, o deputado se consolida como segundo colocado isolado e mantém alta fidelidade do eleitor conservador e evangélico.
Entretanto, enfrenta o desafio de ampliar sua base. No DF, o eleitorado é politicamente instruído e exigente, e há sinais de que parte dos apoiadores de Bolsonaro de 2022 buscam alternativas mais técnicas e menos ideológicas, como Caiado ou Zema.
ZEMA É LEMBRADO, MAS NÃO ENGATA
O governador mineiro Romeu Zema (Novo) pontua 7,9%, resultado discreto, mas suficiente para mantê-lo visível no cenário nacional. Sua imagem de gestor eficiente é bem recebida entre o público liberal e empresarial do DF, mas a falta de estrutura partidária e exposição nacional limita seu avanço.
Zema tende a ser coadjuvante estratégico — um nome que pode apoiar ou ser apoiado em uma aliança futura, especialmente se o campo da direita se unir.
CENÁRIO ABERTO À DIREITA E VOTO ÚTIL NO HORIZONTE
Somados, Eduardo Bolsonaro, Caiado e Zema alcançam 50,8% das intenções de voto, o que revela maioria do eleitorado do DF inclinada à direita.
A disputa pela segunda vaga no segundo turno será o ponto-chave: Caiado cresce entre indecisos e pode disputar voto útil com Eduardo Bolsonaro, especialmente se Ibaneis sinalizar apoio indireto.
Entre os indecisos (10,5%) e brancos/nulos (6,9%), a tendência é de migração tardia para o candidato mais competitivo do campo anti-PT. O quadro pode mudar de forma significativa caso a economia nacional ou escândalos locais alterem o humor do eleitorado até meados de 2026.
CONCLUSÃO
O levantamento do IGAPE mostra que Lula mantém a liderança, mas com base reduzida e sob pressão crescente da direita.
O efeito Ibaneis torna o DF um campo político estratégico, onde a gestão e a eficiência administrativa pesam mais do que a ideologia.
A curva ascendente de Caiado e o posicionamento de Ibaneis Rocha podem transformar o DF no grande laboratório da disputa nacional entre a esquerda consolidada e a direita em reorganização.