O ex-vereador de Caldas Novas, Rafael Pereira de Moraes Silva, é investigado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por supostamente comandar um esquema de rachadinha em seu gabinete entre 2016 e 2020, quando ocupou uma cadeira na Câmara Municipal. O órgão aponta que ele teria recebido ao menos R$ 180 mil de parte dos salários de servidores comissionados e ainda tentado interferir nos depoimentos durante a investigação.
Segundo a denúncia, funcionários eram obrigados a repassar mensalmente parte da remuneração, sob ameaça de demissão caso se recusassem. Mensagens anexadas ao processo indicariam tentativas de coação. Em uma delas, dias antes do depoimento de uma ex-servidora, Rafael escreveu:
“Não quero falar com você porque senão eles vão pensar que estou direcionando suas respostas. Apaga nossa conversa. Segunda, arrumarei um jeito de falar com você.”
Para o MP, o encontro entre os dois, registrado dois dias depois, reforçaria a suspeita de tentativa de influência.
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Rafael diz que denúncia é falsa e acusa ex-prefeito
Ao Jornal Opção, Rafael negou todas as acusações e alegou perseguição política. Segundo ele, a denúncia teria sido articulada pelo ex-prefeito Evandro Magal, com quem rompeu politicamente após apresentar denúncias que, segundo afirma, resultaram na prisão do ex-gestor.
“Eu fiz denúncias contra o Magal. Depois disso, ele teria convencido três pessoas a criarem uma acusação falsa. Há gravações anexadas ao processo que comprovam isso”, disse o ex-vereador.
Rafael também argumenta que duas testemunhas que prestaram depoimento teriam salários baixos demais para supostamente repassar os valores narrados, e que um dos denunciantes nunca foi subordinado a ele. Além disso, afirma que, pouco depois, todos teriam sido nomeados na prefeitura com salários mais altos.
Depoimentos e valores contestados
Entre os relatos enviados ao MP, uma ex-servidora afirma que recebia cerca de R$ 2,6 mil, mas ficava apenas com R$ 1 mil — o restante seria entregue ao então vereador. Rafael contestou a veracidade dos números e afirmou que, mesmo somando o período de trabalho dos denunciantes, não seria possível atingir os R$ 180 mil apontados pela promotoria.
Ele também destaca que autorizou a quebra de sigilos bancário e telefônico, sem que tenham sido encontradas irregularidades. O caso chegou a ser arquivado em 2019, mas foi reaberto posteriormente.
Encontro com testemunha foi armado, diz defesa
Sobre a acusação de coação a uma ex-servidora, Rafael diz que ela própria teria pedido o encontro e que, ao chegar, descobriu que estava sendo gravado. Ele afirma que a juíza responsável avaliou que não havia elementos para prisão em flagrante.
Segundo o ex-vereador, o áudio prova que ele apenas pediu para que a testemunha dissesse a verdade:
“Eu falei para ela que, se mentisse, seria ruim para os dois. Eu pedi para ela ir tranquila e dizer a verdade.”
Caso pode ter prescrição parcial
Rafael também afirma que parte das práticas acusadas ocorreu em 2017 e estaria prescrita. Ele questiona o fato de outros políticos citados não terem sido investigados.
Mesmo negando envolvimento, as investigações seguem em andamento. “Tenho tranquilidade absoluta de que nunca pratiquei rachadinha”, concluiu.