O plano de trabalho da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), aprovado nesta semana, inclui duas frentes principais: os descontos irregulares de associações e sindicatos e, em uma segunda etapa, empréstimos consignados fraudulentos.
O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), explicou em entrevista ao Metrópoles Entrevista, nesta quarta-feira (27/8), que bancos e cooperativas de crédito entrarão no foco das apurações posteriormente, por também estarem envolvidos em práticas de descontos ilegais.
“Em um primeiro momento, vamos ouvir sindicatos e associações. Quando concluirmos essa fase, passaremos a investigar bancos e cooperativas de crédito, porque eles também praticaram descontos indevidos nas contas dos servidores”, afirmou Viana.
Segundo o senador, a CPMI está preparada para resistir a pressões do setor financeiro. Ele disse não ter sido procurado até agora, mas garantiu que não cederá a eventuais tentativas de interferência.
“Se procurar, vai bater a porta na cara. Eu não devo nada a banco, não tenho lobby de banco, nunca participei de banco”, declarou.
Viana destacou ainda sua experiência como relator da CPMI de Brumadinho, em 2019, quando enfrentou a pressão de mineradoras em Minas Gerais. Para ele, esse histórico o fortalece para conduzir as atuais investigações.
“Aprendi a lidar com esse tipo de situação, que é até normal. Se aparecerem nas investigações, serão chamados. Se não, não terão problemas”, concluiu.
Escândalo dos consignados
As fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS foram reveladas pelo Metrópoles em dezembro de 2023. Em um ano, aposentados perderam cerca de R$ 2 bilhões com cobranças de mensalidades feitas por entidades associativas, muitas delas já respondendo a milhares de processos por fraude no registro de segurados.
As denúncias resultaram em investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), além de provocarem a queda do então presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.