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Câmara vota projeto que cria regras para proteção de crianças e adolescentes na internet

A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (20) o projeto de lei que estabelece medidas para aumentar a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital. A proposta é de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e já foi aprovada no Senado.

O texto prevê que as plataformas digitais passem a cumprir o chamado dever de cuidado, princípio jurídico que obriga a adoção de ações para prevenir danos a terceiros e possibilita a responsabilização em casos de omissão.

O que o projeto prevê

Se aprovado, as empresas de tecnologia com serviços acessados por menores terão de:

  • adotar mecanismos contra a exposição a conteúdos de exploração sexual, violência, bullying, assédio, incentivo à automutilação, jogos de azar, drogas, tabaco, álcool e publicidade enganosa;

  • realizar avaliações de risco e oferecer ferramentas de controle parental;

  • derrubar imediatamente conteúdos ilegais de abuso sexual infantil, mesmo sem ordem judicial, após notificação;

  • criar barreiras confiáveis de verificação de idade em sites adultos;

  • proibir perfis comportamentais de menores para fins publicitários;

  • impedir a venda de “loot boxes” em jogos eletrônicos direcionados a crianças e adolescentes;

  • vincular perfis de menores às contas dos responsáveis legais.

O texto também determina que o controle parental seja configurado como padrão, com funções de limitação de tempo de uso, bloqueio de comunicações indesejadas, restrição de geolocalização, proteção de dados pessoais e controle de sistemas de recomendação e inteligência artificial.

Penalidades

O descumprimento poderá gerar punições cíveis, criminais e administrativas, que incluem advertência, multa de até R$ 50 milhões por infração ou 10% do faturamento, suspensão temporária das atividades ou até mesmo proibição definitiva de funcionamento no Brasil. Os valores arrecadados irão para o Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente.

Debate e polêmica

Na terça-feira (19), os deputados aprovaram em votação simbólica o regime de urgência da proposta, o que acelerou a tramitação. A decisão gerou protestos da oposição, que pediu registro nominal dos votos, mas o requerimento foi feito após a aprovação.

Parlamentares contrários ao texto argumentam que a redação pode abrir espaço para censura, principalmente pelo trecho que fala em produtos ou serviços de “acesso provável” por menores, considerado vago.

“Temos que nos posicionar contra a adultização, mas há um problema que precisa ser resolvido para que não percamos nossa liberdade de expressão”, afirmou o deputado Eli Borges (PL-TO).

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou o projeto como o principal tema da semana e convocou comissão geral para debater o assunto.

A mobilização ganhou força após a prisão do influenciador Hytalo Santos, investigado por exploração e exposição de menores em vídeos publicados nas redes sociais. O caso foi denunciado pelo também influenciador Felca no último dia 9.

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