Uma auditoria oficial do Ministério da Saúde confirmou um prejuízo superior a R$ 2,5 milhões deixado pela Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) na gestão das maternidades municipais de Goiânia. O valor corresponde a serviços não executados, especialmente leitos que permaneceram inativos mesmo com recursos financeiros disponíveis.
A constatação consta no Relatório Final de Auditoria, que analisou o período de 2023 a junho de 2025.
O documento aponta um cenário de grave fragilidade financeira, assistencial e administrativa herdado pela atual gestão municipal. Segundo o relatório, em diversos momentos não foi possível identificar com precisão quanto foi gasto, onde os recursos foram aplicados e em quais unidades, comprometendo a transparência e o controle financeiro do contrato firmado com a Fundahc.
A ausência de rastreabilidade, aliada ao descumprimento de metas previstas nos planos de trabalho, resultou no reconhecimento de um passivo financeiro que culminou no rombo identificado pela auditoria. O levantamento também registra que, apesar da existência formal de recursos, houve interrupção de serviços, redução de leitos e suspensão de atendimentos, evidenciando um descompasso entre os valores repassados e os serviços efetivamente prestados à população.
De acordo com o Ministério da Saúde, o modelo contratual adotado apresentou fragilidades estruturais, desequilíbrio financeiro e incapacidade de assegurar a continuidade e a qualidade dos serviços ofertados.
A Fundahc foi procurada para se manifestar sobre o conteúdo do relatório. Até o fechamento desta edição, não houve retorno. O espaço segue aberto.
Avanços na atual gestão
O relatório também reconhece que a gestão municipal iniciada em janeiro de 2025 não tem responsabilidade pela origem do prejuízo. Segundo o documento, a Secretaria Municipal de Saúde assumiu um cenário de crise herdado e passou a adotar medidas para conter danos, reorganizar a gestão e retomar os serviços nas maternidades.
Entre os avanços destacados estão a implantação de novos protocolos assistenciais, a regularização gradual do direito ao acompanhante, a retomada progressiva da produção nas unidades e a mudança no modelo de gestão das maternidades, prevista para agosto de 2025.
A Prefeitura de Goiânia solicitou a ampliação do escopo da auditoria para incluir o período a partir de 2022. No entanto, o Ministério da Saúde estendeu a análise apenas ao ano de 2023, deixando de fora parte da gestão do ex-prefeito Rogério Cruz.
O relatório será apresentado pelo diretor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, Rafael Bruxellas, à Câmara Municipal de Goiânia.