O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quinta-feira (16) reabrir o inquérito que investiga uma possível interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal. A medida atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A investigação foi instaurada após o então ministro da Justiça, Sergio Moro — hoje senador pelo União Brasil (PR) —, acusar Bolsonaro de tentar influenciar a PF para proteger familiares e aliados de investigações.
Na quarta-feira (15), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou a retomada das apurações, alegando que é necessário verificar se há relação entre a suposta interferência e uma possível organização criminosa responsável por ataques a autoridades, ao sistema eleitoral e a instituições públicas.
Segundo Gonet, esses ataques teriam ocorrido por meio da obtenção clandestina de dados, disseminação de notícias falsas e uso irregular de estruturas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
“Nos termos do art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, defiro o requerimento da Procuradoria-Geral da República”, determinou Moraes.
Entenda o caso
A crise teve início em abril de 2020, quando o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo — aliado de Moro —, foi exonerado “a pedido”, segundo publicação no Diário Oficial da União. O ex-ministro contestou a versão, afirmando não ter assinado o documento e negando que Valeixo tivesse pedido demissão. No mesmo dia, Moro deixou o governo e acusou Bolsonaro de interferência política na PF.
Em resposta, o então procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a abertura de inquérito para apurar as denúncias.
Após quase dois anos de investigação, a Polícia Federal concluiu que não havia provas suficientes para indiciar Bolsonaro ou Moro. O relatório indicou que 18 pessoas foram ouvidas, perícias foram feitas e dados analisados, mas “nenhuma prova consistente” foi encontrada.
Em seguida, a vice-procuradora-geral da República à época, Lindôra Araújo, pediu o arquivamento do caso. Em maio de 2024, Moraes solicitou que a PGR informasse se manteria o pedido de arquivamento. Agora, com o novo parecer de Paulo Gonet, a investigação será retomada oficialmente.